
Uma introdução à genética de coloração na raça
Cada Jack Russell Terrier é um mundo: uns têm manchas castanhas sobre o olho, outros um corpo branco salpicado de pintas pretas ou grandes placas de cor. Para os tutores mais atentos (ou mais apaixonados), é impossível não se perguntar: como se formam estas marcas únicas? E será que são apenas estéticas, ou dizem algo mais sobre o cão?
Neste artigo, exploramos de forma simples e acessível a genética de coloração nos Jack Russell Terrier — um tema fascinante que nos ajuda a compreender de onde vêm as suas pintas, manchas e padrões.
🎨 A Base de Tudo: O Gene da Cor
A cor do pelo é definida por genes herdados dos pais, que controlam a produção de pigmentos (melanina) e a sua distribuição pelo corpo. No caso do Jack Russell, os dois pigmentos principais são:
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Eumelanina → Cor preta (que pode ser diluída para cinzento/azul)
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Feomelanina → Cor castanha ou dourada (pode aparecer em tons de creme ou avermelhado)
Mas o mais curioso na raça é que a cor raramente cobre todo o corpo. Isso acontece graças a um gene-chave...
⚪ O Gene da Cor Base: Branco Predominante
O gene S (de “spotting” ou despigmentação) é o responsável pelo fundo branco característico dos Jack Russell Terrier. Este gene controla a quantidade de branco no corpo do cão. Consoante a combinação genética, o cão pode ter:
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Predominantemente branco com pequenas marcas (padrão mais clássico)
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Padrão irlandês com marcas bem distribuídas na cabeça e corpo
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Manchas extensas de cor, chamadas de “placas”, em castanho, preto ou tricolor
Ou seja, o branco não “vem por cima”: ele é, geneticamente, a base. As marcas coloridas é que aparecem “por cima” em zonas específicas onde há expressão de pigmento.
🟤 Cores Reconhecidas no Jack Russell
De acordo com os padrões da raça (FCI), as únicas cores reconhecidas além do branco são:
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Preto
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Castanho (tan/marrom)
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Tricolor (preto e castanho sobre branco)
Cores como cinzento (“azul”), fígado (marrom escuro), creme ou merle não são permitidas e indicam cruzamentos com outras raças.
🐾 Padrões e Marcas: Mais do que Estética?
Embora as pintas e manchas não tenham impacto direto na saúde, elas podem ajudar a identificar cada cão de forma única — quase como uma impressão digital. Alguns criadores observam também certas heranças familiares no padrão de coloração (por exemplo, uma mancha simétrica que “passa” de pai para filho).
Além disso, cães com muito branco em torno dos olhos e orelhas podem ter maior sensibilidade solar ou, em casos raros, estar associados a problemas de audição. Isso não é comum no Jack Russell puro, mas é algo que criadores responsáveis observam.
🧬 Posso Saber de Que Genes o Meu Cão Herdou?
Sim! Hoje em dia existem testes genéticos que analisam os genes de cor e ajudam a prever:
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A cor dos futuros descendentes (útil para criadores responsáveis)
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Presença de genes recessivos (que não aparecem no fenótipo, mas são transmitidos)
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Potenciais riscos associados a certas mutações (ex.: surdez em cães com muito branco + merle, embora este gene não exista no Jack Russell padrão)
❤️ Um Padrão Único, Herdado com Amor
A genética de coloração é uma dança delicada entre os genes herdados da mãe e do pai. E embora dois irmãos da mesma ninhada possam parecer completamente diferentes, partilham o mesmo código ancestral que moldou esta raça ativa, leal e cheia de personalidade.
Da próxima vez que observares as pintas do teu Jack Russell, lembra-te: não são só bonitas — são a assinatura genética de uma linhagem cheia de história.

